Entrevista a André Gomes
Entrevista a André Gomes
Treinador dos Infantis do clube "Os Amarelos"
Nome: André Alexandre Martins Gomes
• Data de nascimento: 12/04/1984
• Nacionalidade: Portuguesa
• Clube: Grupo Desportivo “Os Amarelos”
Quando começou como treinador?
AG-Comecei na época 2009/2010, como treinador de Guarda-redes no escalão de Infantis do Casal das Figueiras, aqui de Setúbal.
Qual o seu clube do coração?
AG-Sport Lisboa e Benfica
Qual é as melhores escolas de formação no mundo?
AG-Na minha opinião a escola do Barcelona é a que se destaca das demais, pelo que incute desde muito cedo a todos os escalões de formação, a nível das dinâmicas de treino, esquemas táticos, etc.
Convites de outros clubes?
AG-Têm surgido, mas neste momento já estou comprometido com o G.D “Os Amarelos”.
Qual o melhor treinador do mundo e o jogador?
AG-Patriotismos de lado, José Mourinho e Cristiano Ronaldo.
Ambições como treinador de futebol?
AG-Continuar a evoluir, como homem e como treinador, para ser cada dia melhor que no dia anterior. Não coloco a fasquia num patamar específico, pois para além das capacidades de cada um, existe também alguma sorte à mistura, e isso podemos procurar mas não podemos controlar.
Que clube Mundial gostavas de um dia treinar?
AG-Existem alguns clubes que sempre fizeram parte do meu imaginário, mas a escolher alguns diria o PSG, Ajax, Juventus e claro, o Benfica.
É difícil de trabalhar com miúdos de 13 anos?
AG-Tem as suas dificuldades, principalmente porque é um ano de transição para futebol 11, e no caso específico do clube onde trabalho, devido a toda a envolvência, pois chegam-nos às mãos miúdos completamente destruturados, sem acompanhamento a vários níveis, em que o único sítio onde lhes são transmitidos alguns valores básicos de respeito mútuo e até educação, é naquela hora e meia de treino ao fim do dia.
Qual a sua opinião sobre o excesso de estrangeiros nos nossos campeonatos?
AG-Tenho uma opinião bastante liberal sobre esse assunto, pois se for para aumentar a qualidade das equipas e do nosso campeonato, são sempre bem-vindos, mas por outro lado acho que aparecem por vezes jogadores que nos deixam a pensar se não existem por cá miúdos do mesmo nível aos quais não são dadas tantas oportunidades.
O que melhorava na formação dos Amarelos?
AG-Os principais melhoramentos seriam a nível das infraestruturas, mas aí não depende só do clube. Acho incrível que sendo Setúbal uma capital de distrito, existam tão poucos sintéticos para os clubes da cidade, que para mim denota uma tremenda falta de interesse por parte das entidades responsáveis, independentemente da crise que estamos a viver. Esta situação leva a própria cidade a deixar uma má imagem, pois há duas épocas, na fase final de Infantis A, os únicos dois clubes com pelados eram o G.D. “Os Amarelos” e os “Ídolos da Praça”, ambos de Setúbal.
A Formação em Portugal é boa?
AG-Sim, para mim trabalha-se bem em Portugal, formam-se inúmeros jogadores, alguns acabam por não ser completamente aproveitados, mas tendo em conta o nível apresentado por muitos agentes do futebol de formação em Portugal, temos que acreditar num futuro risonho.
Haverá perigo nos próximos anos termos uma seleção sem qualidade por falta de oportunidade aos nossos jovens ?
AG-Acho improvável que tal venha a acontecer.
Treinar um clube como o Fabril ou o Vitória é mais fácil ter sucesso? e porque?
AG-Obviamente que sim. Primeiramente pela capacidade de captação de jovens talentos que esses clubes apresentam, pois podem escolher os melhores em cada época, e mesmo os que são dispensados, fariam a diferença em clubes como “Os Amarelos”, depois pelas infraestruturas e apoios que esses clubes atraem.
É claro que as pessoas que trabalham nesses clubes demonstraram, e demonstram, valor para fazerem parte dos mesmos, mas duvido que, alguma vez, tenham que lidar com algumas situações insólitas que já me ocorreram, e só para citar dois exemplos, em plena Fase Final do Campeonato Distrital de Infantis A, ter um jogador importante na equipa a ser colocado num abrigo para jovens em risco por alegadamente sofrer de maus-tratos, ou ter um irmão mais velho a dizer que o irmão hoje não ia ao treino porque o pai os meteu fora de casa.
O que pensa das saídas de jogadores no final de época para outros clubes, ou seja, na formação os atletas são livres em final de época.
AG-Para mim é uma situação ambígua. Se por um lado veio acabar com alguns abusos em que literalmente se cortavam pernas a jogadores, quando se exigiam valores inadmissíveis pela famosa “carta”, por outro agora é mais fácil aliciar jogadores, pois sem ser a palavra, não há nada que os vincule no fim de cada época. Com isso os clubes pequenos ficam prejudicados, pois os seus melhores jogadores são constantemente aliciados, vão para clubes maiores, a exemplo do que aconteceu este ano com três iniciados de primeiro ano dos Amarelos (a quem dou os parabéns pela forma transparente e humilde como lidaram com este processo, quer os miúdos quer os respetivos pais), que saíram inequivocamente para melhor, apesar de terem mais um ano de futebol no clube, e nem um simples obrigado foi dito pelo futuro clube ou pelo futuro treinador dos mesmos.
Conjugar futebol com a sua profissão e família é fácil?
AG-Não é propriamente fácil, no meu caso mais a nível familiar, e falo em nome da minha equipa técnica, pois retira algum tempo livre, que deveríamos aproveitar melhor com a família.
Clubes que treinou ?
AG-Casal das Figueiras, onde comecei, 6 meses de aprendizagem, com dois outros treinadores, Pedro Messias e Ricardo Campos, antes de mais, dois grandes amigos.
Che Setúbal, clube pequeno com condições precárias, mas uma grande época, em que construímos um grupo fantástico que ficou em 3º lugar na Fase Final do Campeonato Distrital de Infantis, ganho pelo Barreirense, numa época em que eliminámos o VFC, ainda na primeira fase.
G.D. “Os Amarelos”, clube histórico da cidade de Setúbal, primeira época nos Benjamins, 2ª época nos Infantis A, mais uma vez em grande nível, aproveitando o trabalho de base deixado pelo Mister Luís Ricardo (equipa que ficou em 3º no distrital), e construindo um plantel, juntamente com os Mister’s Pedro Messias e Ricardo Campos, que se apurou novamente para a Fase Final Distrital de Infantis, tendo ficado em 7º. 3ª Época, primeira como técnico principal, que terminou com a conquista do Torneio Complementar.
O que espera esta época dos Infantis dos Amarelos?
O meu principal objetivo é formar um grupo coeso, homogéneo, que consiga apreender os princípios de jogo delineados, apresentando a garra característica das equipas do Grupo Desportivo “Os Amarelos”, se possível juntando a isso bom futebol, respeito pelo adversário, bom comportamento, amizade e a vontade de entrar em qualquer campo e contra qualquer equipa com a certeza de que temos hipóteses de vencer, e por último, que consigamos terminar a época com o mesmo número de atletas com que vamos começar.
O que faria para haver mais oportunidades aos jovens jogadores portugueses ?
AG-Introduzia no campeonato português, tal como acontece nas provas da UEFA, regras mais apertadas para a inclusão obrigatória nas fichas de jogo, de jogadores formados no clube e formados localmente, de modo a que cada vez mais oportunidades fossem surgindo. Contudo penso que o aparecimento das equipas B é um bom passo no caminho certo